UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

LIVRO: A Rosa do Inverno


Category: Books
Genre: Literature & Fiction
Author: Patricia Cabot

Aqui está um livro agradabilíssimo para quem procura uma lufada de brisa fresquinha, fresquinha. A Rosa do inverno, escrito por Patricia Cabot (Sim, esse é o pseudônimo da Meg Cabot — da Princesa e do diário também!) contém uma deliciosa e divertida história de amor:

Edward Rawlings faria qualquer coisa para não assumir o título de duque e ter de passar seus dias cumprindo as obrigações burocráticas do cargo. Por isso, não pensa duas vezes antes de viajar para Escócia e encontrar a única pessoa que poderia substituí-lo: O sobrinho Jeremy, o menino de dez anos que era o verdadeiro herdeiro do título.Órfão, o pequeno Jeremy vive num casebre com a tia Pegeen, uma mulher com opiniões demais para a época. Ela não quer que Jeremy cresça mimado e rodeado de riqueza. Mas sabe que Edward pode oferecer ao menino oportunidades de que ela jamais seria capaz — e aceita mudar-se para a propriedade dos Rawlings, na Inglaterra. Acostumado a conseguir qualquer mulher, Lord Edward enlouquece com a sensualidade e os olhos verdes de Pegeen, que estava longe de ser a tia solteirona que ela havia imaginado. Mas Pegeen não está disposta a fazer mais concessões. No entanto, ao chegar à mansão, ela logo percebe o risco que corre. Sempre movida pela razão, Pegeen sente que dessa vez seu coração está tomando as rédeas. Ela pode resistir ao dinheiro e ao status, mas conseguirá resistir a Edward?

Já tinha visto alguns bons comentários do livro nos grupos de discussão que participo e em alguns blogs como esse aqui. Claro que tais comentários me animaram. No entanto, o que mais me instigou a aventurar-me nas 414 páginas do livro foi o bom gosto da capa. Adoro o tom carmim das rosas. E não me decepcionei com o conteúdo.

Cabot já disse não escrever mais livros românticos como gostaria devido a intensa pesquisa histórica que tal gênero demanda. De fato, percebi que na composição dos personagens, principalmente de Pegeen, houve a contextualização histórica representada pela resistência contra a idéia da superioridade masculina que postulava a mulher como incapaz de ter direito sobre si mesma. Elas eram totalmente dependentes dos homens de sua família a quem deviam prestar conta de todos os seus atos (Até nos desejos mais simples como escolher um livro para ler!). Afinal, para eles, as mulheres tinham espírito e mente fracos para lidar com as informações cotidianas de um simples jornal. A vida na Inglaterra vitoriana, não era fácil. As mulheres eram reprimidas e para, Patricia Cabot, foi divertido explorar os acontecimentos que acarretariam a uma mulher caso se rebelasse contra tais imposições.

A descrição dos vestidos maravilhosos que a Pegeen usava foi um show a parte. Dentre os momentos marcantes, foi um prazer observar Pegeen socando o Lord Edward quase toda vez que esse se aproximava dela aos beijos. E fiquei enternecida pelo bom caráter do Lord Edward. Apesar da reputação de má fama o preceder, ele é um grande sujeito. Sendo que, o melhor dele aflorou quando conheceu Pegeen.

Os senões são pequenos e não tiram o brilho da história mas, vale a pena comentá-los:

Primeiro, a inteligência e sagacidade de Pegeen não combinou muito com aquelas passagens “será que ele me ama?”. Estava na cara o quanto Lord Edward estava caído por ela. E achei desnecessário a autora perder tempo com isso, ao invés de nos regalar com mais surpresas na trama. Além disso, percebi que Pegeen começou resoluta, forte e decidida mas, ao longo da história as características que a tornam marcante se esmaecem.

Segundo, faltou explorar o cenário da estufa. Pouca coisa acontece por lá. Pôxa, remete-se ao título do livro. A Pegee não acreditou quando o Lord Edward — para convencê-la a ir (ela e o sobrinho) morar na propriedade dos Rawlings — disse que, em pleno inverno, as rosas floresciam. È sandice minha ou não poderia se dar nesse cenário lindo —mas subaproveitado—, a declaração de amor tão esperada? Embora, que fique muito claro, no livro não falte o aumento do efeito estufa.

Enfim, é uma leitura que combina com a atmosfera primaveril. E uma vez iniciada a leitura torna-se difícil interrompê-la.

E A rosa do inverno fez brotar uma seqüência: Portrait of my Heart.

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