UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Quis


Eu quis tanto ser a tua paz,
Quis tanto que você fosse o meu encontro.
Quis tanto dar, tanto receber.

Quis precisar, sem exigências.
E sem solicitações, aceitar o que me era dado.
Sem ir além, compreende?

Não queria pedir. mais do que você tinha,
Assim como eu não daria mais do que dispunha,
por limitação humana.
Mas o que tinha, era seu.

(Autor: Caio Fernando Abreu)

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