UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Palavras em Silêncio



cavar o dia até o fim
atrás de seu sorriso
é como cortar o eu
da coxa da saia

quando a noite cai
o soluço do azul do céu
corta como faca
a folha de alface no quintal

cabelos insones
palavras em silencio
e uma alma que desliza
como envelope pela porta

sangra a sombra
tentando imaginar
se... ao sorrir você franzi a testa

(Autora: Vania Lopez)

Nenhum comentário: