Com gestos singelos e carregados de grande simbolismo Vos despedistes de nós.
E hoje, Convosco, celebramos Vosso adeus a todos nós!
Deixai-nos recordar em Vossa presença estes gestos carregados de tão grande amor.
O gesto do "Lava-pés"
Senhor, quantas vezes dissestes que o segredo da Vossa vida estava no serviço desinteressado que Deus presta aos seres humanos que criou. Deus ajoelhado diante de meus pés!
Dá-me vontade, Senhor, de repetir como Pedro: "Jamais me lavarás os pés!".
Mas, Senhor compreende a grandeza e a importância deste gesto: "Se Tu não te lavar, não terás parte comigo!".
Compreendo então, Senhor, que deveis lavar-me.
E compreendo também de que lavação se trata. Não é com água que me desejais lavar, é com Vosso Sangue!
Compreendo finalmente, bom Jesus, que esta purificação se inicie no dia do meu batismo e se prolonga por toda a minha vida, através de Eucaristia que recebo.
Gesto da "Fração do Pão"
Dizem-nos os Evangelhos Sinóticos, que, nesta noite em que fostes entregue, tomastes um pão de última refeição com os Vossos.
Quantas vezes Vos sentastes à mesa com grandes pecadores!
Desta vez tomastes o pão, fruto da terra e do trabalho de nós homens e o divinizastes, fazendo que se transformasse em Vós.
Tomou em Cálice com Vinho, ele também fruto do labor humano e o transformastes no Vosso sangue por nós derramado!
Senhor, quantas vezes Vos comungueis em Vosso sacrifício!
Mas, nesta noite, Vos suplico: Comungai-me também!
Fazei com que se realize entre nós aquela misteriosa simbiose que define todo verdadeiro e grande Amor: que eu seja Tu e que Tu sejas eu!
Gesto da instituição do Sacerdócio Católico: "Fazei isto em memória de mim".
Senhor sempre venerou Vossos ministros que
Aprendi também que existe uma analogia entre Pão
Sei que a única diferença entre essas duas, "transubstanciações" esta no seguinte: enquanto Pão e Vinho cessam de serem tais, dissolvem-se em Vós nossos Sacerdotes, embora prolonguem nossa presença no meio de nós,
Senhor, nesta noite de adeus, desejo sinceramente agradecer-Vos por Vossos ministros.
E não excluo de minha gratidão nem mesmo aqueles que, tendo suas lanternas tão sujas, são incapazes de difundir a verdadeira Luz que sois Vós.
Gesto, finalmente, do amor fraterno e desinteressado.
Obrigado, Senhor, por ter eu experimentado em minha vida alguns gestos desinteressados!
Hoje compreendo que estáveis Vós por detrás de todos eles!
Senhor, numa sociedade pós-cristã e secularizada; numa sociedade em que os crucifixos desaparecem sistematicamente dos lugares públicos, numa sociedade que não conhece mais a batina ou o hábito religioso, embora o foulard islâmico seja sinal de forte pertença religiosa muçulmana, numa sociedade enfim, onde nada mais fala de Vós, nosso gesto cristão há de falar ainda.
Talvez não tanto a linguagem do catecismo - ela faz tanta falta -
Possa eu compreender, Senhor, nesta quinta-feira Santa, que esta linguagem será sempre atual; poucos a ela resistirão por longo tempo.
E já seremos bem-aventurados, porque- são palavras Vossas que soam hoje em meus ouvidos- "Há mais alegria em dar do que em receber?".
"Amém!"
(Autor Desconhecido)
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