UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

sábado, 17 de abril de 2010

Não me provoques

Não me provoque,
tenho armas escondidas..
Não me manipule,
nasci para ser livre...

Não me engane,
posso não resistir...

Não grite,
tenho o péssimo hábito de revidar...

Não me magoe,
meu coração já tem muitas mágoas...

Não me deixe ir,
posso nunca mais voltar...

Não me deixe só,
tenho medo da escuridão...

Não me tente contrariar,
tenho palavras que machucam...

Não me decepcione,
nem sempre consigo perdoar ...

Não espere me perder
para sentir minha falta!

(Autora: Clarice Lispector)

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