UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Novíssimas Catacumbas


No fundo da vida
há vida diferente.

Há gente que sente
carência de amor.

Há gente que mente
para não se humilhar.

Há gente perdida
para não se encontrar.

Há gente que pede
para ser esquecida.

Há gente em silêncio
por ser oprimida.

Há gente que sofre
por ser esquecida.

Há gente sem nome
há gente escondida.

No fundo da vida
há vida...também!...

(Autor: Ruy Alvim)

Nenhum comentário: