UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Sentimentos



Definir sentimentos...
Como saber se o que
se escreve
brota d'alma
ou não...
Como saber
onde a verdade está...
Há que se imaginar...
Sentir o sentir alheio...
Como fazer?
Como saber?
O que sentirá quem me escreve?
Amor? Amizade?
Desdém?
Imaginamos... e como é rica
esta imaginação...
Por vezes,
erramos... ou
acertamos...
Bom saber que alguém
ao menos pensa em nós...
Como penso em ti...
Com carinho...
Com sentimento...
Não me julgues...
apenas me goste...
como gosto de ti...

(Autor: Marcial Armando Salaverry)

Nenhum comentário: