UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Quanto...



Quantos mistérios escondes
Atrás dos olhos atraentes;
Quantas delícias ocultas
Em teus lábios sorridentes;
Quantas coisas não respondes
Às minhas questões incultas.
Quanto pareces fascinante
Aos meus olhos enamorados;
Quanto conheces do medo
Em meus lábios apaixonados;
Quanto pareces brilhante
Atrás do grande segredo...
Quanto escondes do céu
Na palavra cautelosa;
Quanto descubro de ti
Quando sorris maravilhosa,
Com sabor de sol e mel;
E de vida que eu não vivi...
Quanto desvendas de mim,
Enquanto te cobres desenvolta,
Quanto me sabes descobrir,
Dessa forma tão leve e solta
Que eu me entrego assim;
Sem forças para reagir...
Quantos sorrisos terás
Sobre as lágrimas choradas,
Quantas perguntas terei
Sobre as respostas negadas,
Quanto de mim deixarás
Do tudo que eu já te amei...

(Autor: José Carlos Rodrigues)

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