UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

domingo, 21 de março de 2010

Voe

Sois apenas pássaros perdidos
Que num pouso forçado,
O desânimo visitou.
Mas quantos voam ao teu lado...
É só erguer tua cabeça,
Abrir tuas asas e seguir teu rumo.
Segue o barulho das águas.
Segue teus iguais, volta,
Cumpre teu papel,
Ocupa teu espaço outra vez.
Sois apenas pássaros perdidos
Que o descuido cobrou...
Agora é preciso que sejas corajoso.
Pássaro colorido,
Que percorre o céu com habilidade,
Enfeitando a vida de tantos olhos,
Volta a voar.

(Autor Desconhecido)

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