UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

sexta-feira, 26 de março de 2010

Perfil de Jesus

Toda especial foi a Sua vida.

Anunciado por profecias, sonhos e anjos,
Ele esteve aguardado pela ansiedade do povo,
pelo orgulho nacional de raça e o despotismo
dos dominadores políticos que
o desejavam guerreiro arbitrário e apaixonado.

Quando o silêncio espiritual pairava em Israel,
Ele nasceu no anonimato de uma noite gentil,
numa manjedoura, cercado por animais domésticos
e assistido pelo amor dos pais humildes,
sem outras testemunhas.


Seus primeiros visitadores eram, amantes da natureza,
pastores simples, logo seguidos por magos poderosos,
num contraste caracterí­stico,
que sempre assinalaria a Sua jornada entre os homens.

Nas paisagens de Nazaré Ele cresceria desconhecido,
movimentando-se entre a carpintaria do pai
e as meditações nas campinas verdejantes,
confundido com outros jovens sem qualquer destaque
portador de conflitos antes da hora.

Amadureceu no lar como o trigo bom no solo generoso, e,
quando chegou a hora, agigantou-se na sinagoga,
desvelando-se e anunciando-se.

Incompreendido, como era de esperar-se,
saiu na busca daqueles que iriam segui-Lo
e ficariam como pilotos da Nova Era que ele iniciava.

No bucolismo da Galiléia, pobre e sonhadora,
fértil e rica de beleza,
Ele começou o ministério que um dia se alargaria
por quase toda a Terra, apresentando o programa
de felicidade que faltava às criaturas.

Jamais igualado,
Sua voz possuía a mágica entonação
do amor que penetra e dulcifica,
ensinando como ninguém mais conseguiu igualá-Lo.

A majestade do Seu porte confundia os hipócritas
e desarmava os adversários fortuitos, pela serena inocência,
profunda sabedoria e invulgar personalidade.

Nunca se perturbou diante das conjunturas humanas,
sobre as quais pairava, embora convivendo com gente de má vida,
pecadores e perversos, pobres desesperados e ricos desalmados,
vítimas morais de si mesmos no vício e perseguidores contumazes...

Ele compreendia a pequenez humana
e impulsionava os indiví­duos ao crescimento interior,
às conquistas maiores.

Penetrando o futuro referiu-se às hecatombes
que a insônia humana provocaria, mas,
apresentou também a realidade do bem como coroamento
dos esforços e sacrifí­cios gerais.

Poeta, fez-se cantor.
Príncipe, tornou-se vassalo.
Senhor, converteu-se em servo.
Nobre de origem celeste,
transformou-se em escravo por amor.

Ninguém disse o que Ele disse,
conforme o fez e o viveu.

Jesus é a sí­ntese histórica da ascenção humana.

Demarcando as épocas,
assinalou-as com o estatuto da montanha,
em bem-aventuranças eternas.

Nem a morte O diminuiu. Pelo contrário,
antecipou-lhe a luminosa ressurreição,
que permanece como vida de sabor eterno,
varando as eras.

Grandioso, hoje como ontem,
é o amanhã dos que choram, sofrem,
aguardam e amam.

Sua veneranda presença paira dominadora sobre
a humanidade, que nEle encontra o alfa
e o ômega das suas aspirações.

Jesus é a vida em representação máxima do Criador,
como Modelo para a humanidade de todos os tempos.

Unamo-nos a Ele e vivamo-Lo.

(Autor Desconhecido)

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