UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

segunda-feira, 29 de março de 2010

Minha colcha de saudade...

Vou juntar os retalhos
da minha saudade.
Tecer um a um com cuidado,
alinhavando com carinho.

Somar, parear as lembranças
em preto, branco e coloridas.
Feito isto, apertar ponto a ponto
as lágrimas, os sorrisos,
num meticuloso costurar de sonhos.

Barrar então, com esperança
e depois de pronta,
estender sobre a ilusão...
a minha colcha de saudade.

(Autor Desconhecido)

Nenhum comentário: