UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

segunda-feira, 29 de março de 2010

O Quadro

Um homem havia pintado um lindo quadro.
No dia de apresentá-lo ao público,
convidou todo mundo para vê-lo.
Compareceram as autoridades do local,
fotógrafos, jornalistas, e muita gente,
pois o pintor era muito famoso e um grande artista.
Chegado o momento, tirou-se o pano que velava o quadro.
Houve caloroso aplauso.
Era uma impressionante figura de Jesus
batendo suavemente à porta de uma casa.
O Cristo parecia vivo.
Com o ouvido junto à porta,
Ele parecia querer ouvir se lá dentro alguém respondia.
Houve discursos e elogios.
Todos admiravam aquela obra de arte.
Um observador curioso porém, achou uma falha no quadro:
A porta não tinha fechadura.
E foi perguntar ao artista:
- Sua porta não tem fechadura!
- Como se fará para abri-la
- É assim mesmo - respondeu o pintor
- Esta é a porta do coração humano.
- Só se abre do lado de dentro.

Abra Seu Coração.

(Autor Desconhecido)

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