UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

terça-feira, 23 de março de 2010

AS MÃOS DE CRISTO

Eram duas mãos pequeninas,
Bem pequenas, que brincavam
Com os cabelos de Maria,
Na lapinha de Belém...

Duas belas mãos morenas,
Frágeis mãos de adolescente,
No templo falam, desmentem
Sábios de Jerusalém.

Mãos de santo que abençoam,
Mãos divinas que perdoam,
Mãos que apontam o Caminho
E livram da perdição.
Mãos que curam e confortam,
Mãos que abrem vera porta
Do céu e da salvação.

Mãos postas no Getsêmane,
Mãos de um Deus que suplica
A piedade dos céus.
Mãos que aceitam, submissas,
Voluntário sacrifício,
Para a redenção de réus.

Mãos no Calvário sangrando,
Traspassadas, lado a lado,
Por meu pecado na cruz.
Mãos que convidam e perdoam,
Mãos marcadas que abençoam,
As mão santas de Jesus...

(Autora: Mirtes Matias)

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