um casulo na casca de uma árvore,
no momento em que a borboleta rompia o invólucro
e se preparava para sair.
Esperei bastante tempo, mas estava demorando muito,
e eu estava com pressa.
Irritado, curvei-me e comecei a esquentar o casulo com meu hálito.
Eu o esquentava e o milagre começou a acontecer diante de mim,
a um ritmo mais rápido que o natural.
O invólucro se abriu, a borboleta saiu se arrastando
e nunca hei de esquecer o horror que senti então:
suas asas ainda não estavam abertas
e com todo o seu corpinho que tremia,
ela se esforçava para desdobrá-las.
Curvado por cima dela, eu a ajudava com o calor do meu hálito.
Em vão. Era necessário um acidente natural
e o desenrolar das asas devia ser feito lentamente ao sol - agora era tarde demais.Meu sopro obrigara a borboleta a se mostrar toda amarrotada, antes do tempo.
Ela se agitou desesperada,
alguns segundos depois morreu na palma da minha mão.
Aquele pequeno cadáver é, eu acho, o peso maior que tenho na consciência.
Pois, hoje entendo bem isso, é um pecado mortal forçar as leis da natureza.
Temos que não nos apressar, não ficar impacientes,
seguir com confiança o ritmo do Eterno.
(Autor: Nikos Azanizaki)
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