UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

terça-feira, 10 de julho de 2012

Julgar


Fere...
Destrói...
Afasta...

Tomemos cuidado antes de proferir qualquer palavra,
no sentido de julgar nossos irmãos de caminhada.
Muitas vezes a mesma sentença com que condenamos,
será a mesma com que seremos condenados...
É fácil condenarmos...

É fácil colocarmos alguém em posição inferior,
rotular, criticar...
Lembremos sempre que cada um de nós carregamos uma bagagem,
uma historia de vida.
Lembremos que cada um de nós temos a nossa própria identidade,
temos nosso modo de agir, de pensar,
livre arbítrio para ser e acontecer.
Lembremos sempre que somos únicos e diferenciados

Ao julgar o nosso próximo estamos nos subjugando,
pelo simples ato de julgar.

Julgar é fácil...
Difícil é retirarmos a sentença dada ao ombro daquele que julgamos,
porque somos pequenos demais para pedirmos perdão,
pelo nosso direito não constituído.

Difícil é reconhecermos que somos todos irmãos de caminhada,
que moramos na mesma rua, pisamos no mesmo solo.
Que somos filhos do mesmo Pai.

Fácil é rotular pessoas
Difícil é nos policiarmos na hora de sentenciar.

Muitos de nós perdemos sólidas amizades, amores,
companheirismo, pela dura sentença de um julgamento.

Tomemos cuidado com palavras que proferimos,
transferindo para a alma alheia mágoas
que podem se tornar em profundas cicatrizes.

Deixemos os julgamentos apenas àqueles que na Terra
abraçaram o julgar como profissão, como causa.

Deixemos a Deus a sentença que cabe a cada um de nós.

(Autora: Cora Maria)

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