UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

quinta-feira, 19 de julho de 2012

O Vento



Eu quero ser o vento!
Voar em pensamento...
Soprar tudo que sinto...
Para acreditar no infinito.
Se nada disso for preciso!
Da dor faço brotar um sorriso.
Do amor faço nascer a flor.
Sem ele não há poesia...
Vou dissipar a nuvem escura.
Enxugar as frias lágrimas!
Do poeta e da amargura.
Ser vento é mudar a desventura.
É mexer com a natureza...

É ser inspiração da poesia...
E na tempestade e tristeza...
Ser também o sol e a alegria.
Quando mais tarde o sol se por.
Serei lua a te cobrir de Amor...
Quero estar no desejo que pedir.
Quero ver no amanhecer do dia!
Na alvorada que principia!
O sorriso e a fantasia...
 
(Autor Desconhecido)

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