UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Intranquilidade Quieta


Por um poema pequeno,
um verso sem rima;
ou, um poetar sem sentido;
escrevo por breve descuido,
promessa curta ou necessidade.
Rabisco o papel a fim de curar-me.
Recolho com zelo absoluto cada palavra,
depois as uso com intensa maldade.
Oscilo.
Sim, eu oscilo nos versos.
Amanhã uma nova inspiração,
um novo rosto.
E assim, vou sendo poeta,
vivendo tão somente,
dessa minha intranquilidade quieta.

(Autora: Jacqueline)

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