UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

domingo, 22 de julho de 2012

Ideal



Preciso semear
em todos os horizontes
brancas paisagens de aves
... sendeiro luz aos humanos.

Preciso ver germinar
 ... lá, muito lá,
beijos se encontrando,
desertos sussurrando...

preciso ver florescer
nessas vastidões submissas
pensamentos em largos vôos...

Desejo então,
nessas nesses raras,
absorver perfeições de céus
... ódios sorrindo aos perdões
... braços recolhendo ausências
... silêncios desenhando canções.

(Autora: Alvina Tzovenos)

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