UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

sábado, 14 de julho de 2012

Cadê você coração


Ainda te ouço bater em meu peito 
na cadência ritmada que
me faz viva mas pergunto-me tristonha
para que me fazes viva se eu agora
só quero dormir pra tentar esquecer?
Por quais mistérios mais desconhecidos...

Me fizeste prisioneira deste sentimento.
Se dele eu não tiraria alegria e nem felicidade.
Se dele eu tiraria lágrimas quentes?
Ah! coração, porque insistes teimoso
 em bater em meu peito.
Se dentro de ti já não habita o amor sonhado.
Se estas vazio da presença dele solitário.
Se dentro de ti não esta mais o ser amado?
Me diz coração.
Porque tortura assim minha alma...
Roubas de mansinho a minha calma.

Desassossega minha existência tão pacata...
E me fazes sentir no peito adagas afiadas?
Ah! coração.
Eu confiei a ti meus sentimentos.
Pedi que tomasse conta dos meus medos...
Que renovasse sempre os meus enlevos.
Mas falhaste coração
Não estiveste alerta aos meus apelos.
E na calada da noite me deixaste só perdida.
Escrava da solidão e dos meus receios...

Cadê você coração?? Ah! coração.

(Autora: Emanuelle)

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