UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

domingo, 5 de junho de 2011

Festa Junina (IV)

 CADA ARRAIAL UM SÃO JOÃO 

 O folclore brasileiro é riquíssimo!

Junho é o mês de pular fogueira, dançar quadrilha 
e comer pamonha e pipoca. 
Uma gostosa tradição que anima as cidades. 
"O país é muito grande e os festejos não 
são iguais em todos os lugares", lembra Flávio 
Trovão, historiador do Paraná. Essa é uma ótima
oportunidade para você descobrir as diferenças
regionais e identificar a realidade em que vive 
como apenas uma entre as muitas que compõem nosso Brasil. 
"O desconhecimento é que dá origem a 
estereótipos e preconceitos", adverte Flávio. 
Em muitas festas juninas se dança quadrilha, 
mas é o forró que esquenta os bailes nordestinos. 
Na Região Sul, não pode faltar pinhão.
No Norte, todos se deliciam com cuscuz de tapioca.

ORIGEM DA QUADRILHA


Também chamada de quadrilha caipira ou de 
quadrilha matuta é muito comum nas festas juninas










 Consta de diversas evoluções em pares e 
é aberta pelo noivo e pela noiva, pois a quadrilha 
representa o grande baile do casamento 
que hipoteticamente se realizou. 
Esse tipo de dança (quadrille)
surgiu em Paris no século XVIII, tendo como origem 
a contredanse française, que por sua vez é uma adaptação 
da country danse inglesa, segundo os estudos 
de Maria Amália Giffoni.
A quadrilha foi introduzida no Brasil durante a
Regência e fez bastante sucesso nos salões 
brasileiros do século XIX, principalmente no 
Rio de Janeiro, sede da Corte. 
Depois desceu as escadarias do palácio
e caiu no gosto do povo, que modificou suas 
evoluções básicas e introduziu outras, 
alterando inclusive a música. 
A sanfona, o triângulo 
e a zabumba são os instrumentos musicais 
que em geral acompanham a quadrilha. 
Também são comuns a viola e o violão. 
Nossos compositores deram um colorido brasileiro
à sua música e hoje uma das canções preferidas para dançar 
a quadrilha é "Festa na roça", de Mario Zan.
O marcador, ou "marcante", da quadrilha 
desempenha papel fundamental, pois é ele que 
dá a voz de comando em francês não muito correto 
misturado com o português e dirige as evoluções da dança. 
Hoje, dança-se a quadrilha apenas nas festas juninas 
e em comemorações festivas no meio rural, 
onde apareceram outras danças dela derivadas,
como a quadrilha caipira, no estado de São Paulo, 
o baile sifilítico, na Bahia e em Goiás, a saruê 
(combina passos da quadrilha com outros de danças
nacionais rurais e sua marcação mistura 
francês e português), no Brasil Central, 
e a mana-chica (quadrilha sapateada) 
em Campos, no Rio de Janeiro.
A quadrilha é mais comum no Brasil sertanejo
e caipira, mas também é dançada em outras regiões 
de maneira muito própria, caso de Belém do Pará, 
onde há mistura com outras danças regionais. 
Ali, há o comando do marcador e durante a evolução 
da quadrilha dança-se o carimbó, o xote, o siriá 
e o lundum, sempre com os trajes típicos.

BUMBA-MEU-BOI

Dança dramática presente em várias festividades,
como o Natal e as festas juninas, o bumba-meu-boi 
tem características diferentes e recebe inclusive
denominações distintas de acordo com a localidade 
em que é apresentado: no Piauí e no Maranhão,
chama-se bumba-meu-boi; na Amazônia, boi-bumbá; 
em Santa Catarina, boi-de-mamão; no Recife, 
é o boi-calemba e no Estado do 
Rio de Janeiro, folguedo-do-boi.
O enredo da dança é o seguinte: uma mulher 
chamada Mãe Catirina, que está grávida, 
sente vontade de comer língua de boi.
O marido, Pai Francisco, resolve atender ao 
desejo da mulher e mata o primeiro boi que encontra. 
Logo depois, o dono do boi, que era o patrão 
de Pai Francisco, aparece e fica muito 
zangado ao ver o animal morto.
Para consertar a situação, surge um curandeiro, 
que consegue ressuscitar o boi. 
Nesse momento, todos se alegram
 e começam a brincar.
Os participantes do bumba-meu-boi dançam 
e tocam instrumentos enquanto as pessoas 
que assistem se divertem quando o boi ameaça
correr atrás de alguém. 
O boi do espetáculo é feito de papelão 
ou madeira e recoberto por um pano colorido. 
Dentro da carcaça, alguém faz os movimentos do boi.

MÚSICAS JUNINAS

 

As músicas típicas das festas juninas podem 
ser apenas cantadas ou também dançadas. 
Até hoje muitas são compostas, especialmente
pelos nordestinos, e formam o repertório do forró
que se transformou em baile realizado 
não apenas no período junino.
Entre os compositores e cantores mais famosos, 
destaca-se o pernambucano Luis Gonzaga.
Algumas estrofes de suas músicas são conhecidas
de todos os brasileiros, como as de José Fernandes e Zé Dantas.

OLHA PRO CÉU, MEU AMOR

(em parceria com José Fernandes).
Olha pro céu, meu amor.
Vê como ele está lindo.
Olha praquele balão multicor
como no céu vai sumindo.

E as de SÃO JOÃO NA ROÇA

(em parceria com Zé Dantas)
A fogueira tá queimando
em homenagem a São João.
O forró já começou.
Vamos, gente, arrasta pé nesse salão.

Algumas das músicas juninas mais conhecidas, são as seguintes:

CAI, CAI, BALÃO

Cai, cai, balão.
Cai, cai, balão.
Aqui na minha mão.
Não vou lá, não vou lá, não vou lá.
Tenho medo de apanhar.

PEDRO, ANTÔNIO E JOÃO

(Benedito Lacerda e Oswaldo Santiago)
Com a filha de João
Antônio ia se casar,
mas Pedro fugiu com a noiva
na hora de ir pro altar.
Fogueira está queimando,
o balão está subindo,
Antônio estava chorando
e Pedro estava fugindo.
E no fim dessa história,
ao apagar-se a fogueira,
João consolava Antônio,
que caiu na bebedeira.

SONHO DE PAPEL

(Carlos Braga e Alberto Ribeiro)
O balão vai subindo,
vem caindo a garoa.
O céu é tão lindo
e a noite é tão boa.
São João, São João,
acende a fogueira no meu coração.
Sonho de papel
a girar na escuridão
soltei em seu louvor
no sonho multicor.
Oh! Meu São João.
Meu balão azul
foi subindo devagar
O vento que soprou
meu sonho carregou.
Nem vai mais voltar.

PULA A FOGUEIRA

(João B. Filho)
Pula a fogueira Iaiá,
pula a fogueira Ioiô.
Cuidado para não se queimar.
Olha que a fogueira
já queimou o meu amor.
Nesta noite de festança
todos caem na dança
alegrando o coração.
Foguetes cantos e troca
na cidade e na roça
em louvor a São João.
Nesta noite de folguedo
todos brincam sem medo
a soltar seu pistolão.
Morena flor do sertão,
quero saber se tu és
dona do meu coração.

CAPELINHA DE MELÃO

(João de Barros e Adalberto Ribeiro)
Capelinha de melão
é de São João.
É de cravo, é de rosa,
é de manjericão.
São João está dormindo,
não me ouve não.
Acordai, acordai,
acordai, João.
Atirei rosas pelo caminho.
A ventania veio e levou.
Tu me fizeste com seus espinhos
uma coroa de flor. 

(Fonte: www.colegioantares.com.br)

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