UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

domingo, 5 de junho de 2011

Festa Junina (V)


Casamento caipira

Uma das mais divertidas tradições das festas juninas é,
sem dúvida, o casamento caipira – também chamado 
de "casório matuto". 
A representação, em tom de brincadeira, 
é cheia de malícia e conotações sexuais. 
A história sofre pequenas variações, mas o enredo 
é sempre o mesmo: a noiva fica grávida antes do 
casamento e os pais obrigam o noivo a se casar com ela. 
Desesperado, o noivo tenta fugir, mas é impedido 
pelo delegado e seus soldados, que arrastam o 
"condenado" ao altar e vigiam a cerimônia. 
Depois que o casamento é realizado, inicia-se a quadrilha.
Os diálogos podem ser criados livremente, 
desde que as personagens 
se preocupem em carregar bastante no sotaque caipira. 
Veja, a seguir uma sugestão para a encenação:

Personagens: Padre, Coroinha, Noiva, 
Noivo, Delegado, Soldados, Pais da noiva e Padrinhos. 

Cenário: representação de um altar de Igreja ou capela. 
Os convidados estão posicionados em duas fileiras,
deixando o centro para a noiva. 
O padre, no altar, cercado pelos coroinhas e padrinhos, 
anuncia a chegada da noiva, que entra com o pai. 

Padre – A noiva tá chegando! Vamo batê parma pr'ela, 
pessoar!!! Cadê o noivo ???
Noiva – Ai mãe, ele num vem, acho que vou dismaiá... 
(simula um desmaio e é acudida pela mãe e pela madrinha. 
O pai da noiva faz um sinal para o delegado se aproximar 
e cochicha alguma coisa em seu ouvido. 
O delegado concorda com a cabeça.)
Delegado – Pera aí seu padre; eu já vô buscá ele. 
(sai acompanhado por dois soldados armados 
de espingarda e cassetetes. Em seguida entra o 
noivo encurralado pelo delegado, que permanece 
no altar, grande parte da cerimônia, 
para que o "condenado" não fuja.)
Padre – Bão, vamo começá logo esse casório. 
Ocê, Ciquinha Dengosa, promete, de coração, 
prá marido toda vida, o Pedrinho Foguetão?
Noiva – Mas que pregunta isquisita seu vigário faz prá mim... 
Eu vim aqui mais o Pedrinho num foi prá dizê que sim???
Padre – E ocê Pedrinho, que me olha assim tão prosa, 
qué mesmo prá sua esposa a Sinhá Chiquinha Dengosa?
Noivo – Num havia de querê, num é essa minha
opinião mas, se não caso com a Chiquinha , 
vô direto pro caixão... (diz isso olhando de esguelha 
para o delegado, que segura uma espingarda)
Padre – Então, em nome do cravo e do manjericão, 
caso a Chiquinha Dengosa com o Pedrinho Foguetão! 
E Viva os noivos!
Convidados - VIVA!!! (conforme os noivos passam, 
os convidados jogam arroz)
Padre – E vamo pro baile, pessoar!!!

E começa a quadrilha.

(Fonte: www.procampus.com.br)

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