UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

terça-feira, 28 de junho de 2011

Caminhar...



Caminhar...
Caminhar mesmo sem saber
o que nos aguarda na próxima curva...
Será que teremos perdas
que nos levarão às lágrimas?
Ou será que a vontade de desistir
será maior que a nossa fé?

Momentos...
Momentos em que não sabemos
o significado da nossa existência...
Em que a alegria parece ter fugido
a nossa presença.
Como manter a confiança acesa
se não cremos em mais nada?

Dúvidas...
Dúvidas que não passam...
Que ferem a nossa alma
em busca de respostas que não chegam.
Como fugir dos receios
que se aproximam e nos paralisam?

Tristeza...
Tristeza que cala fundo no coração...
Que nos faz com que
nos sintamos tão pequeninos.
E como reagir se tudo a nossa volta
perdeu o seu encanto?

Provas...
Provas que surgem e sem cerimônia
modificam nossa vida.
Que nos levam ao encontro da agonia.
Como superá-las quando
se perdeu a esperança?

Medo...
Medo que nos afujenta de trilhar
as estradas a nossa frente.
Que nos leva a temer o amanhã.
Como reencontrar a coragem,
se não sabemos nem como começar?

Solidão...
Solidão que nos acompanha nas noites
em que o que mais buscamos é um colo,
um carinho,
um olhar que nos conforte...
Sentimento que faz as lágrimas brotarem.
Como vencê-lo?

Desespero...
Desespero que nos afasta da realidade.
Que nos leva aos abismos
de onde não sabemos como retornar.
Como silenciar o íntimo,
quando o que se sente é um turbilhão
de emoções desordenadas?

Pessimismo...
Pessimismo que nos prende
aos nossos fantasmas mentais.
Como destruir essa erva daninha
que só nos leva ao encontro do sofrimento?
Onde encontrar os sinais que nos reconduzem
ao prazer de viver?

Desilusões...
Desilusões vividas e que permanecem
no âmago do nosso ser a nos sufocar...
Que nos impedem de buscar outros horizontes,
de acreditar novamente na existência
do maior dos sentimentos: Amor.
Como voltar a respirar pelo novo,
voltando assim, a sentir
a doce brisa da renovação?

Erros...
Erros cometidos e não apagados
de nossa memória.
Situações do passado que permanecem
vivas e ardendo em nosso coração.
Como resgatar esses débitos
e sentir a alma liberta?

Delírios...
Delírios que nos conduzem às quedas...
Que nos envolvem nas teias
das loucuras e do desespero.
Qual o antídoto para esse mal?

Ódio...
Ódio que faz feridas surgirem
e não cicatrizarem.
Que afasta o perdão de perto
e nos apresenta apenas às sombras.
Como eliminar esse sentimento tão letal
ao nosso espírito e físico?

Morte...
Morte que tão temida,
tão assustadora e que nos tira todas
as expectativas de evolução.
Que dilacera nossa mente em sensações
de que com ela, o fim nos aguarda
e o nada reinará.
Como abrir a porta que nos conduz
ao caminho da nossa salvação espiritual?

Perguntas...
Perguntas que nos atormentam o Espírito...
Que tanto buscamos...
Onde encontrá-las?

(Autora: Sonia Carvalho)

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