UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

sábado, 25 de junho de 2011

O Mundo do Sertão


Diante de mim, as malhas amarelas do mundo
Onça castanha e destemida
No campo rubro, a Asma azul da vida
À cruz do Azul, o Mal se desmantela.

Mas a  Prata sem sol destas moedas
perturba a Cruz e as Rosas mal perdidas;
e a Marca Negra  esquerda inesquecida
conta a Prata das folhas e fivelas.

E enquanto o Fogo clama a Pedra rija,
que até o fim, serei desoneto.
que até no Pardo o cego desepera.
O Cavalo castanho, na cornija
tenha alçar-se, nas asas, ao Sagrado,
ladrando entre a Esfinge e a Pantera.

(Autor: Ariano Suassuna)

Nenhum comentário: