UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

domingo, 5 de junho de 2011

Festa Junina (II)

Sincretismo Religioso

Religiões de várias regiões do Brasil, 
principalmente na Bahia, aproveitam-se desse 
período de festas juninas para manifestar 
sua fé junto com as comemorações católica. 
O Candomblé, por exemplo, ao homenagear
os orixás de de sua linha, mistura suas práticas
com o ritual católico. Assim, durante o mês de junho, 
as festas romanas ganham um cunho profano com muito samba de roda 
e barracas padronizadas que servem bebidas e comidas variadas. 
Paralelamente as bandas de axé music se espalham pelas
ruas das cidades baianas durante os festejos juninos.
Um fator fundamental na formação do sincretismo é que, 
de acordo com as tradições africanas, 
divindades conhecidas como orixás 
governavam determinadas partes do mundo. 
No catolicismo popular, os santos também tinham esse poder. 
“Iansã protege contra raios e relâmpagos 
e Santa Bárbara protege contra raios e tempestades. 
Como as duas trabalham com raios, houve o cruzamento. 
Cultuados nas duas mais populares religiões afro-brasileiros
– a umbanda e o candomblé – cada orixá corresponde a um santo católico. 
Ocorrem variações regionais. 
Um exemplo é Oxóssi, que é sincretizado na Bahia 
com São Jorge mas no Rio de Janeiro representa São Sebastião. 
Lá, devido ao candomblé, o Santo Antônio das festas juninas 
é confundido com Ogun, santo guerreiro da cultura afro-brasileira.

Superstições 

 1- A Puxada do Mastro

Puxada do mastro é a cerimônia de levantamento 
do mastro de São João, com banda e foguetório. 
Além da bandeira de São João, o mastro pode 
ter as de Santo Antonio e São Pedro, 
muitas vezes com frutas, fitas de papel e flores penduradas. 
O ritual tem origem em cultos pagãos, 
comemorativos da fertilidade da terra, 
que eram realizados no solstício de verão, na Europa.
Acredita-se que se a bandeira vira para o lado 
da casa do anfitrião da festa no momento em que é içada,
isto é sinal de boa sorte. O contrário indica desgraça. 
E caso aponte em direção a uma pessoa essa será abençoada.

2- As Fogueiras

Sobre as fogueiras há duas explicações para o seu uso. 
Os pagãos acreditavam que elas espantavam os maus espíritos. 
Já os católicos acreditavam que era sinal de bom presságio. 
Conta uma lenda católica que Isabel prima de Maria, 
na noite do nascimento de João Batista , 
ascendeu uma fogueira para avisar a novidade à prima Maria, 
mãe de Jesus. Por isso a tradição é 
acendê-las na hora da Ave Maria (às 18h).
Você sabia ainda que cada uma das três festas 
exige um arranjo, diferente de fogueira? 
Pois é, na de Santo Antonio, as lenhas são 
atreladas em formato quadrangular; 
na de São Pedro, são em formato triangular 
e na de São João possui formato arredondado 
semelhante à pirâmide. 

3- Os Fogos de Artifício

Já os fogos dizem alguns, eram utilizados 
na celebração para “despertar” São João 
e chamá-lo para as comemorações de seu aniversário. 
Na verdade os cultos pirolátricos são de origem portuguesa. 
Antigamente em Portugal, acreditava-se que 
o estrondo de bombas e rojões tinha como finalidade 
espantar o diabo e seus demônios na noite de São João.

4- Os Balões

A saciedade “Amigos do Balão” nasceu em 1998 
para defender a presença do ‘balão junino’ nessas festividades. 
O padre jesuíta Bartolomeu de Gusmão e 
o inventor Alberto Santos são figuras ilustres
entre os brasileiros por soltarem balões por ocasião 
das festas juninas de suas épocas, portanto podemos
dizer que eles foram os precursores dessa prática.
Hoje, como sabemos, as autoridades seculares
recomendam os devotos a abster-se de soltar balões 
pelos incêndios que podem provocar ao caírem em urna floresta, 
refinaria de petróleo, casas ou fábricas. 
Essa brincadeira virou crime em 1965, 
segundo o artigo 26 do Código Florestal. 
Também está no artigo 28 da lei das Contravenções penais, de 1941. 
O infrator pode ir para a cadeia. 
Não obstante, essa prática vem resistindo 
às proibições das autoridades. 
Geralmente, os balões trazem inscrições 
de louvores aos santos de devoção dos fiéis, 
como por exemplo, “VIVA SÃO JOÃO!! !“, 
ou a outro santo qualquer comemorado nessas épocas.
Todos os cultos das festas juninas estão
relacionados com a sorte. 
Por isso os devotos acreditam que ao soltar balão 
e ele subir sem nenhum problema, os desejos serão atendidos, 
caso contrário (se o balão não alcançar as alturas) é um sinal de azar.
A tradição também diz que os balões levam 
os pedidos dos homens até São João. 
Mas tudo isso não passa de crendices populares.

(Fonte: www.cacp.org.br)


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