UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

domingo, 5 de junho de 2011

Festa Junina (I)

Uma Suposta Origem das Festividades

Para as crianças católicas, a explicação 
para tais festividades é tirada da Bíblia com acréscimos mitológicos. 
Os católicos descrevem o seguinte:
“Nossa Senhora e Santa Isabel eram muito amigas.
Por esse motivo, costumavam visitar-se com 
freqüência, afinal de contas amigos de 
verdade costumam conversar bastante. 
Um dia, Santa Isabel foi à casa de Nossa Senhora para contar uma novidade: estava esperando um bebê ao qual daria 
o nome de João Batista. 
Ela estava muito feliz por isso! 
Mas naquele tempo, sem muitas opções de comunicação, 
Nossa Senhora queria saber de que forma seria informada 
sobre o nascimento do 
pequeno João Batista. Não havia correio, telefone, 
muito menos Intemet. 
Assim, Santa Isabel combinou que acenderia 
uma fogueira bem grande que pudesse ser vista à distância. 
Combinou com Nossa Senhora que mandaria erguer 
um grande mastro com uma boneca sobre ele. 
O tempo passou e, do jeitinho que combinaram, 
Santa Isabel fez. 
Lá de longe Nossa Senhora avistou o sinal de fumaça,
logo depois viu a fogueira. Ela sorriu e compreendeu a mensagem. 
Foi visitar a amiga e a encontrou com um 
belo bebê nos braços, era dia 24 de junho. 
Começou, então, a ser festejado São João com mastro, 
fogueira e outras coisas bonitas, como foguetes,
danças e muito mais!”.
Como podemos ver, a forma como é 
descrita a origem das festas juninas é
extremamente pueril, justamente para que alcance as crianças.
As comemorações do dia de São João Batista, 
realizadas em 24 de junho, deram origem ao ciclo 
festivo conhecido como festas juninas
Cada dia do ano é dedicado a um dos santos 
canonizados pela Igreja Católica. 
Como o número de santos é maior do que o 
número de dias do ano,
criou-se então o dia de “Todos os Santos”, 
comemorado em 1 de novembro. 
Mas alguns santos são mais reverenciados do que outros. 
Assim, no mês de junho são celebrados, 
ao lado de São João Batista, dois outros santos: 
Santo Antônio, cujas festividades acontecem no dia 13, 
e São Pedro, no dia 28.

Plágio do Paganismo

Na Europa antiga, bem antes do descobrimento do Brasil, 
já aconteciam festas populares durante 
o solstício de verão (ápice da estação), 
as quais marcavam o início da colheita. 
Dos dias 21 a 24, diversos povos , como celtas, 
bascos, egípcios e sumérios, 
faziam rituais de invocação da fertilidade para 
estimular o crescimento da vegetação, prover 
a fartura nas colheitas e trazer chuvas. 
Nelas, ofereciam-se comidas, bebidas e
animais aos vários deuses em que o povo acreditava. 
As pessoas dançavam e faziam 
fogueiras para espantar os maus espíritos. 
Por exemplo: as cerimônias realizadas em 
Cumberland, na Escócia e na Irlanda,
na véspera de São João, 
consistiam em oferecer bolos ao sol, 
e algumas vezes em passar crianças pela fumaça de fogueiras.
As origens dessa comemoração também 
remontam à antiguidade, quando se prestava culto
à deusa Juno da mitologia romana. Os festejos em homenagem a essa deusa eram denominados “junônias”. 
Daí temos uma das procedências 
do atual nome “festas juninas”.
Tais celebrações coincidiam com as festas em 
que a Igreja Católica comemorava a data 
do nascimento de São João, um anunciado da vinda de Cristo. 
O catolicismo não conseguiu impedir sua realização. 
Por isso, as comemorações não foram extintas e, 
sim, adaptadas para o calendário cristão. 
Como o catolicismo ganhava cada vez mais 
adeptos, nesses festejos acabou se 
homenageando também São João. É por isso 
que no início as festas eram chamadas de Joaninas 
e os primeiros paises a comemorá-las foram França,
Itália, Espanha e Portugal.
Os jesuítas portugueses trouxeram os festejos
joaninos para o Brasil.
As festas de Santo Antonio e de São Pedro só 
começaram a ser comemoradas mais tarde, 
mas como também
aconteciam em junho passaram a ser 
chamadas de festas juninas
O curioso é que antes da chegada dos colonizadores, 
os índios realizavam festejos relacionados à agricultura no mesmo período. 
Os rituais tinham canto, dança e comida. 
Deve-se lembrar que a religião dos índios 
era o animismo politeísta (adoravam vários 
elementos da natureza como deuses).
As primeiras referências às festas de São João 
no Brasil datam de 1603 e foram registradas
pelo frade Vicente do Salvador, que se referiu
 aos nativos que aqui estavam da seguinte forma: 
“os índios acudiam a todos os festejos dos portugueses 
com muita vontade, porque são muito amigos 
de novidade, como no dia de São João Batista, 
por causa das fogueiras e capelas”. 

(Fonte:www.cacp.org.br)

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