UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Doçura

O silêncio é doçura:
Quando não respondes às ofensas,
Quando não reclamas os teus direitos,Quando deixas
à Deus a defesa da tua honra.

O silêncio é misericórdia:
Quando te calas diante das faltas de teus irmãos,
Quando perdoas sem remoer o
passado,Quando não condenas, mas intercedes em segredo.

O silêncio é paciência:
Quando sofres sem te lamentares,
Quando não procuras consolação
junto aos homens,
Quando não intervéns,
esperando que a semente germine lentamente.

O silêncio é humildade:
Quando te apagas para deixar
aparecer teu irmão,
Quando, na discrição,
revelas dons de Deus,
Quando suportas que tuas ações sejam mal interpretadas,
Quando deixas os outros a
glória da obra inacabada.

O silêncio é fé:
Quando te apagas, sabendo
que é Ele quem age...
Quando renuncias às vozes do mundo para permanecer na
Sua presença...
Quando te basta que só Ele te compreenda.

(Autor: Blandinne Theodoro)

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