UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Não se esqueça de mim

Não se esqueça de mim
Não se esqueça do barulho do mar
Não se esqueça do cantar dos pássaros
Não se esqueça das coisas simples, enfim.

Pois a vida é tão bela
Das estradas estreitas como a própria vida
Das areias de um mundo sem fim
Do universo procurando entrar pela janela.

São momentos, lúdicos instantes
Da água abraçando teus pés
Do pôr-do-sol entrando nos teus olhos
Lembrando e buscando lugares tão distantes.

Não se esqueça de mim
Pois eu faço parte deste pequeno mundo
Um mundo de um gostar de você tão profundo
E, por isso mesmo, não tem início, nem tem fim

(Autor: Alfredo Kleper Lavor)

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