UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

sábado, 31 de julho de 2010

Silêncio

Silêncio...
deliciosa revelação que o som emudece...

As minhas metades... e as suas...
Somos sempre duas metades,

Porque a vida é feita de escolhas!

Somos o sim e o não,
Ainda que haja o talvez...

Somos o amor e a razão,
Embora exista a loucura.

Somos o antes e o agora,
Ainda que estejamos sempre à espera do depois.

Somos luz e escuridão,
Simplesmente porque uma não pode existir sem a outra.

Somos corpo e espírito,
Embora a essência esteja na alma.

Somos medo e coragem,
Porque dentro de nós grita o desejo.

Somos vida e morte,
Mesmo que acreditemos na existência
de apenas uma de cada vez.

Somos som e silêncio,
Ainda que nossas vozes independam deles.

Somos um constante ir e vir,
Porque ainda que estejamos aqui,
Estamos também em outros lugares.

Somos dúvida e certeza,
Simplesmente porque ambas são idênticas.

Somos ilusão e realidade...
E em busca de nossas metades,
De nada nos adianta apenas saber,
É preciso sentir!

Porque somente saber,nada significa quando descobrimos
Que as nossas metades são igualmente sagradas...
E ambas só podem ser inteiras,
Quando se entregam à inexplicável magia do amor.

(Autor Desconhecido)

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