UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

domingo, 25 de julho de 2010

Influências


E no final das brincadeiras o melhor
é a certeza de que a gente brincou.

Pelo prazer de estar vivo, pela honra
de desfrutar de cheiros, tatos,
barulhos e afetos.

Que a gente ande por aí
orgulhosos dos nossos privilégios e alegrias.

Conta pra mim o que vê e eu andarei por nós.

Olha pra mim, olha por mim e eu te levo.

O mundo todo é assim.
Que seja assim!!

Que quem não canta dance a voz do outro!

Quem não toca, que dance pousado nos acordes
de quem toca!

Porque perfeito, só tudo junto.

Só uma das mãos não faz o aplauso, só uma boca
jamais fará o beijo.

Todos juntos, sim, podem formar a imensa risada,
que quando for realmente enorme,
Deus vai ouvir
e nunca mais vai se sentir sozinho.

(Autor: Oswaldo Montenegro)

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