UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

terça-feira, 15 de junho de 2010

Por vezes... é preciso dar um tempo

O mar não espera pelo rio,
no entanto o rio chega...

As árvores não anseiam por novas folhas,
no entanto elas brotam...

As flores não imploram por chuvas,
mas as chuvas -cedo ou tarde - caem...

Os pássaros não se preocupam com o céu,
no entanto o céu lá está...

O dia não aguarda ansioso pelo descanso
da noite e ainda assim ela chega...

A noite não se abala
com a própria escuridão,
repousando na certeza de que o dia virá...

A semente precisa do escuro da terra
para abrir-se á luz na hora mais acertada...

Deus não apressa as sementes:
Ele as conhece e respeita-lhes o tempo!

Se neste momento és semente,
sossega, respeita-te e dá tempo...

(Autor Desconhecido)

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