UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

segunda-feira, 1 de março de 2010

As Mãos

Nós rezamos, e vemos muitas pessoas
rezarem o Pai Nosso de mãos dadas.
Gostaríamos que refletissem sobre o profundo
mistério que envolvem essas mãos que se unem:

A mão Jovem se une á mão velha e
entre elas, se cruza a mão eterna do Cristo.

A mão débil se une à mão robusta e
entre elas, se cruza a mão firme do Cristo.

A mão branca se une a mão negra e
entre elas, se cruza a mão santa do Cristo.

A mão trêmula se une à mão segura e
entre elas, se cruza a mão sustentáculo do Cristo.

A mão calejada se une a mão sedosa e
entre elas, se cruza a mão cravejada do Cristo.

A mão do médico se une à mão do doente e
entre elas, se cruza a mão ensangüentada do Cristo.

A mão do empregado se une à mão do patrão e
entre elas, se cruza a mão de mestre do Cristo.

A mão da ignorância se une à mão da sabedoria e
entre elas, se cruza a mão onisciente do Cristo.

A mão pecadora se une à mão da graça e
entre elas, se cruza a mão do perdão do Cristo.

A mão da vida se une à mão da morte e
entre elas, se cruza a mão redentora do Cristo.

Lamentavelmente, somente mãos fechadas
não se unem a outras mãos fechadas.
Mas, mesmo assim, entre elas se põe
e entre elas se cruza a mão aberta de Cristo!

(Autor: Desconhecido)

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