UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Soneto

Almas sinceras a união sincera.
Nada há que impeça.Amor não é amor
Se quando encontra obstáculo se altera
Ou se vacila no mínimo tremor.
Amor é um marco eterno,dominante
Que encara tempestades com bravura.
É astro que norteia a vela errante
Cujo valor se ignora,lá na altura.
Amor não teme o tempo,muito embora
Seu alfange não poupe a mocidade.
Amor não se transforma de hora em hora
Antes se firma,para a eternidade.
Se isto é falso,e que é falso alguém provou,
Eu não sou poeta,e ninguém nunca amou.

(Autor: William Shakespeare)

Nenhum comentário: