UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

sábado, 7 de novembro de 2009

Contradição!

Eu? Sou o vento que passa,
Sou perto, sou longe,
Vivo em estado de graça,
Sou deserto, sou monge.
Sou a divisa do tudo e do nada,
Sou a calmaria de plumas,
Sou explosão sou granada,
Sou das ondas as espumas.
Sou a água e o deserto,
Sou o inicio e o fim,
Sou o erro e o certo,
Sou o eu que vive em mim.
Sou parte santa e profana,
Já ganhei e já perdi,
O espelho já não me engana,
Com os degraus eu aprendi.
Nem por isso parei,
Sou a borboleta e a serpente,
Sei muito bem onde errei,
Mas só faço o que o coração sente!

(Autor: Santaroza)

Nenhum comentário: