
Não se exige os trejeitos,
Nem que sorria bonito;
Não se quer a beleza externa,
Nem a perfeição do umbigo.

Não se exige todas as medidas,
Que os seios sejam para cima,
Que não tenha nenhuma barriga,
Que os cabelos sejam dourados
Ou que a voz seja cantiga.

(molejo é indispensável),
Tem que ser inteligente,
Ter algo de pura menina.
Essencial uma certa malícia.
Para mostrar-se burra quando necessário.

(mas não muito),
Exaltar o amor em verso e prosa.
Mulher deve ser como enchente de rio,
Arrastar arbustos e árvores para sua plaga.
Ter afinidade com o rosa.

Sentir todo e qualquer arrepio.
Tem que ser ovelha desgarrada, fraca.
E aparente necessidade de proteção.
É indispensável que seja vaidosa,
Sem exagero.

Um simples vestido hippie.
Com sapatilhas de puro lamê.
Qualquer que seja o estilo adotado.
Deve ter como resultado torná-la poderosa.

Lingerie fina é imprescindível.
Cabelo tratado com esmêro.
Um leve ar inacessível.
Nada pior que mulher afetada.
Ou aquela cheia de dedo.

Horrível mulher cheia de medo!
Nem pensar em ser desligada.
Ou mulher do tipo tédio.
As que fazem gênero, coitadas...
Estas não têm remédio.

Um tênue véu que esconda e mostre.
É necessário que se deixe desvendar.
Todos os segredos (ou quase),
Principalmente que se deixe tocar o avêsso.

Respostas ríspidas,
Franca demais...
Esta o protótipo das mal amadas.
Mulher que não se abre como flor,
Que nega o néctar, esconde o pólen
(tipo as que usam a cama só para dormir);
Mulher ser superior ao homem,
Que não se iguala, nunca é amiga,
Ou as que não sabem sorrir...

Belas musas sem porvir.
Mas para ser mulher de verdade.
Há que se fazer princesa,
Cultivar o que de belo existe dentro de si;
Pensar nos que precisam
Do seu lado mãe,
Do seu lado leite, aconchego;
De todos que, com certeza,
Dependem da sua alegria para poder sorrir.

Há que se fazer demente,
Cultivar uma certa loucura;
Pensar nos que precisam
Desse seu lado doente,
Do seu lado doido, doído;
Dependem de sua demência
Para exercitar paciência.

Há que se fazer criança,
Cultivar toda a pureza do mundo;
Pensar nos que respiram
Esse seu lado inocente,
O seu lado pirulito, o doce;
Dependem da sua ingenuidade
Para usar arbitrariedade.

Há que se fazer santa,
Cultivar a bondade;
Pensar nos que precisam
Do seu lado sacrifício,
Do seu lado etéreo, espírito;
Dependem de suas preces
Para serem bons hereges.

Há que se fazer prostituta,
Cultivar seu lado puta;
Pensar nos que precisam
Desse seu lado sofrido, vulgar;
Dependem de todas as camas e posições
Para se purificar.

Há que saber ser amiga,
Há que fugir de intriga;
Há que saber ser amante,
Há que ter criatividade;
Há que curtir ser gestante,
Amar a maternidade;

E, sem precisar de analista,
Exigir o seu espaço;

Há que lutar por justiça,
Há que tomar posição política,
Há que ter postura analítica;
Há que saber andar nua,
Há que ser rival da lua;
Há que não ser infiel
(o segredo para evitar este mal é,
antes de tudo, não ser desleal).

Há que saber cozinhar.
Para ser mulher de verdade.
Há que ser diferente entre tantas.
(Autor Desconhecido)
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