UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

segunda-feira, 29 de junho de 2009

LIVRO: Todo Ar que Respiras


Category: Books
Genre: Literature & Fiction
Author: Judith McNaught

Sinopse: Dona de um restaurante em Chicago, Kate Donovan não poupa esforços para cumprir seus objetivos. Mitchell Wyatt é um empresário de personalidade indomável, herdeiro da expressiva fortuna da família Wyatt. Kate tentou resistir a Mitchell, mas foi em vão. A princípio, deram passagem à timidez, mas com o tempo se entregaram a um turbilhão de emoções novas e mágicas, diferente de todas as experiências que já haviam vivenciado.
O cenário da paixão arrebatadora é a ilha tropical de Anguila, terrritório britânico no Mar do Caribe. Mas a plenitude da felicidade chega ao fim quando Mitchell é intimado por sua família a comparecer ao interrogatório sobre o desaparecimento de seu irmão.
Insegura, Kate começa a desconfiar do que sabe a respeito de sua misteriosa paixão.
Numa história que dosa paixão, mistério, assassinato e psicologia em tom dinâmico e arrebatador, a mestre do romance Judith McNaught, autora do best- seller Whitney, Meu Amor, instiga leitores do mundo inteiro a conhecer o desfexo dessa eletrizante relação de Kate e Mitchell e das inúmeras intrigas em que se envolvem.

*****

Quando é que se diz a alguém que ela é todo ar que você respira? Quando se ama muito, mesmo! Apaixonadamente, incontrolável, se entrega, se abandona, quando nada mais importa, quando tudo mais perde o sentido, quando necessita física e mentalmente dessa pessoa para continuar a viver.

E o que é que se espera de um livro com um título assim? Magia!

Kate Donovan procurava magia... E encontrou! Uma magia com nome e sobrenome: Mitchell Wyatt. E quem é o mais enfeitiçado? Você, eu, nós leitoras... Não dá pra não se apaixonar por ele.

Judith McNaught é romancista e como tal é muito habilidosa. Nesse título eu amei, me deliciei e suspirei com o amor lindo entre Mitchell e Kate, que se conheceram em uma ilha paradisíaca quando ele foi visitar sua casa em construção e ela tentava se recuperar da morte do pai.

Com diálogos quentes e sedutores, sempre com um toque de humor muito agradável, Mitchell e Kate começam a se relacionar, mas ela tem um namorado que será um empecilho e ele um passado que pretende não divulgar.

O romance é doce e envolvente, porém Todo Ar que Respiras tem um lado policial que deixou a desejar.

No início do livro temos o envolvimento da polícia tentando esclarecer o desaparecimento do meio irmão de Mitchell, sendo ele o principal suspeito. Achei o argumento frágil para essa suposição. Essa conjetura se deu apenas porque o meio irmão sumiu quando Mitchell estava sendo reintegrado na família que a rejeitou desde quando nasceu. Bobo, não? E depois lá adiante, quando encontram o corpo e uma prova (plantada, claro) de que poderia ser Mitchell o assassino, ele provou sua inocência tão facilmente que não deu nem tempo para surgir aquele sentimento de injustiça na história. O verdadeiro assassino é logo descoberto e tudo é concluído sem muitos dramas. Acho que esse lado poderia ter rendido mais, talvez tenha faltado habilidade para a autora desenvolver uma trama policial.

Nesse ínterim acontece o desencontro dos amantes e aqui temos de volta a destreza de Judith McNaught e somos acometidos pelos mais diversos sentimentos: raiva da mocinha, pena do mocinho, rancor da própria autora por separar o casal e por aí vai.

Surgem assim outros personagens na história, como Holly, que é a melhor amiga de Kate; Calli, motorista, guarda-costas e irmão por consideração de Mitchell; o tio de Kate que também é padre e ainda outros que proporcionam ótimos momentos na trama. Em vários momentos também temos a prazerosa participação de Matthew Farrell e Meredith Brancoft de Em Busca do Paraíso, um grande sucesso de Judtih.

Mas a autora se perde novamente ao deixar de lado fatos como a mania que Kate tinha de fazer listas de prós e contras para tudo, no início essa parecia ser uma característica marcante da personagem, mas depois não foi mais falado do assunto. E, antes do casal principal se reencontrar, Mitchell estava envolvido com uma atriz, que não foi mais citada depois, simplesmente a atriz não voltou a aparecer na história e o caso deles não teve um desfecho. E mais um ato falho na parte policial: o pai de Kate morreu num tiroteio, mas ficou por isso, não foi desvendado o porquê e nem os autores do crime. Aliás, esse crime nem foi trabalhado na história, foi só um detalhe jogado e abandonado na história. Não gostei disso.

Outra coisa que me incomodou muito, foi o fato de um capítulo inteiro ser destinado à troca de informações de duas secretárias de Mitchell, achei isso muito desnecessário.

Mas o reencontro... Foi belo. O bandido da história – aquele que matou o meio irmão de Mitchell – volta a atacar e desta vez envolvendo diretamente alguém muito importante para Mitchell e Kate, que a partir de então voltam a se relacionar, ainda que não intimamente de imediato, isso não demorará a acontecer.

Mas, assim como Em Busca do Paraíso, os acontecimentos se atropelaram e o final se deu muito rápido, deixando aquela já conhecida sensação de quero mais quando se trata de uma obra de Judith McNaught. Mal temos notícia da prisão do bandido e o casal se ajeitará muito fácil. Têm falhas? Sim, muitas. Mas Judith tem crédito e só por isso já vale a pena. E a sensação que perdura é de que a história é bela.

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