Category: | Books |
Genre: | Literature & Fiction |
Author: | Zarah Ghahramani |
Sinopse: Nascida em 1981, Zarah Ghahramani cresceu em um subúrbio de Teerã. Filha de pais liberais de classe média, foi criada para acreditar que a educação não era um privilégio dos homens, por isso foi encorajada a ler ampla e ambiciosamente. Zarah possuía o entusisamo adolescente natural de garotas do mundo todo. Mas, como todas as mulheres de sua geração, tinha de se vestir com cores sóbrias e cobrir os cabelos a fim de respeitar as normas rígidas do regime iraniano.
Fascinada por Arash, estudante e ativista político líder de protestos, conhecido por ser um transtorno para o regime, Zarah ingressa num movimento político estudantil, mas o sonho de liberdade logo se transforma em pesadelo – ela é presa e enviada à penitenciária mais notória de Teerã: Evin.
E seu lar, agora, é uma cela de concreto, sem janelas.
Em Minha vida como traidora, Zarah Ghahramani conta a história de sua aterrorizante tribulação e eventual libertação e descreve como a dolorosa experiência a transforma em uma mulher corajosa e determinada. Uma autobiografia poderosa e lindamente escrita sobre a vida em um regime opressor.
*******
Biografias e autobiografias não são muito meu estilo de leitura. No entanto, esse livro me chamou a atenção desde que o vi no site de uma livraria. E eu gostei muito dessa leitura.
Me identifiquei muito com Zarah, afinal escolhemos a mesma área de estudo: tradução. Outro ponto que gostei muito foi o modo como ela conseguiu aprender e crescer, como pessoa, lendo e analisando todo o aprendizado que teve durante sua vida.
O livro já começa com Zarah indo para o primeiro interrogatório. Uma cena muito tensa e onde vemos todo o terror da situação em que ela se encontra.
A historia transcorre entre interrogatórios e sua vida na pequena cela e sua relação com o preso da cela acima - Sohrab – uma relação que a ajuda e é delicada e truncada e muito especial e interessante. Entre os interrogatórios e as conversas com Sohrab, Zarah divaga e nos mostra a cultura iraniana, a vida que ela levava, a importância dos pais e da educação em sua vida e formação pessoal. Fiquei encantada por saber mais desse povo e sua história, pois geralmente só vemos ou ouvimos falar sobre os atos e ações dos políticos e autoridades religiosas que regem o país.
Um capítulo que achei apaixonante foi o 14, onde ela divaga sobre a língua e literatura e a importância do idioma na construção da identidade, tanto pessoal quanto do país. Vou colocar um trechinho para mostrar a beleza da prosa nesse capítulo:
“O idioma de minha mãe é o farsi, ou persa, a língua antiga da Pérsia e ainda a oficial do Irã…
[...] o farsi combina com os persas. É fruto da sensibilidade persa. Já falei sobre as características persas em relação ao amor e ao namoro, mas não mencionei o mais adorável aspecto em relação ao idioma: é a língua dos mentirosos. Não dos mentirosos frios e calculistas – não é o que me refiro; não dos mentirosos que usam a língua como um ladrão usa as mãos. Não, eu me refiro àqueles que sonham, àqueles que contam histórias a si mesmos e acreditam nelas graças à beleza com que são contadas; àqueles que usam palavras para fazer rosas desabrochar no deserto, onde o sol queimou o solo, deixando-o negro e avermelhado.
[...] Não é a língua dos curtos e grossos, dos moralmente destemidos. Você consegue obter uma resposta direta de um persa? Não, não é possível porque, a caminho de fornecê-la, o persa subitamente se dá conta de uma centena de rotas mais fascinantes até a resposta e, antes que perceba, um simples “sim” ou “não” tornou-se uma aventura que requer mil palavras para ser contada [...]”
Apesar de toda poesia e beleza que ela nos mostra, Zarah também revela a crueldade e ignorância do governo no trato com as pessoas e as leis insensatas e insanas que regem o país. Ela revela a busca pela liberdade de expressão, pela liberdade de viver a vida da forma como quiser e desejar. A liberdade de andar com os cabelos ao sol e ao vento e de estudar e amar sem precisar temer a perseguição religiosa e policial.
Fascinada por Arash, estudante e ativista político líder de protestos, conhecido por ser um transtorno para o regime, Zarah ingressa num movimento político estudantil, mas o sonho de liberdade logo se transforma em pesadelo – ela é presa e enviada à penitenciária mais notória de Teerã: Evin.
E seu lar, agora, é uma cela de concreto, sem janelas.
Em Minha vida como traidora, Zarah Ghahramani conta a história de sua aterrorizante tribulação e eventual libertação e descreve como a dolorosa experiência a transforma em uma mulher corajosa e determinada. Uma autobiografia poderosa e lindamente escrita sobre a vida em um regime opressor.
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Biografias e autobiografias não são muito meu estilo de leitura. No entanto, esse livro me chamou a atenção desde que o vi no site de uma livraria. E eu gostei muito dessa leitura.
Me identifiquei muito com Zarah, afinal escolhemos a mesma área de estudo: tradução. Outro ponto que gostei muito foi o modo como ela conseguiu aprender e crescer, como pessoa, lendo e analisando todo o aprendizado que teve durante sua vida.
O livro já começa com Zarah indo para o primeiro interrogatório. Uma cena muito tensa e onde vemos todo o terror da situação em que ela se encontra.
A historia transcorre entre interrogatórios e sua vida na pequena cela e sua relação com o preso da cela acima - Sohrab – uma relação que a ajuda e é delicada e truncada e muito especial e interessante. Entre os interrogatórios e as conversas com Sohrab, Zarah divaga e nos mostra a cultura iraniana, a vida que ela levava, a importância dos pais e da educação em sua vida e formação pessoal. Fiquei encantada por saber mais desse povo e sua história, pois geralmente só vemos ou ouvimos falar sobre os atos e ações dos políticos e autoridades religiosas que regem o país.
Um capítulo que achei apaixonante foi o 14, onde ela divaga sobre a língua e literatura e a importância do idioma na construção da identidade, tanto pessoal quanto do país. Vou colocar um trechinho para mostrar a beleza da prosa nesse capítulo:
“O idioma de minha mãe é o farsi, ou persa, a língua antiga da Pérsia e ainda a oficial do Irã…
[...] o farsi combina com os persas. É fruto da sensibilidade persa. Já falei sobre as características persas em relação ao amor e ao namoro, mas não mencionei o mais adorável aspecto em relação ao idioma: é a língua dos mentirosos. Não dos mentirosos frios e calculistas – não é o que me refiro; não dos mentirosos que usam a língua como um ladrão usa as mãos. Não, eu me refiro àqueles que sonham, àqueles que contam histórias a si mesmos e acreditam nelas graças à beleza com que são contadas; àqueles que usam palavras para fazer rosas desabrochar no deserto, onde o sol queimou o solo, deixando-o negro e avermelhado.
[...] Não é a língua dos curtos e grossos, dos moralmente destemidos. Você consegue obter uma resposta direta de um persa? Não, não é possível porque, a caminho de fornecê-la, o persa subitamente se dá conta de uma centena de rotas mais fascinantes até a resposta e, antes que perceba, um simples “sim” ou “não” tornou-se uma aventura que requer mil palavras para ser contada [...]”
Apesar de toda poesia e beleza que ela nos mostra, Zarah também revela a crueldade e ignorância do governo no trato com as pessoas e as leis insensatas e insanas que regem o país. Ela revela a busca pela liberdade de expressão, pela liberdade de viver a vida da forma como quiser e desejar. A liberdade de andar com os cabelos ao sol e ao vento e de estudar e amar sem precisar temer a perseguição religiosa e policial.
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