UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Solidão



Ainda sob o pó das estrelas
que neste momento não brilham
mas derretem seu brilho em mim
sentado num campo sem flores
a pensar na lua que sumiu
e no sol que não vai aparecer
me sinto perdido e só no cosmos.


Sei e dizem que sei
que tudo é passageiro
mas não é o tempo que penso
e sim a vida como vida
e dona do tempo...
Por isso não espero nessa solidão
tento ver além desse cosmos desfeito
e encontrar outra dimensão
onde as estrelas, o sol e a lua
não sejam expectadores desfeitos
de uma solidão que sinto
mas sim agentes que me levem
a sair dessa solidão sem amor
sem na verdade eu mesmo.


E esse pensar me faz pensar
vou continuar a procura
mesmo sabendo que terei
que ir até o infinito
ou outras dimensões
mas encontrarei esse amor
que existe dentro de mim
mesmo estando só.

(Autor: Humberto Amancio)

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