UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Crer no Ser


Há um desânimo tão grande no Ser
De ser
De estar
De querer
Ser mãe e querer ser mulher
Ser esposa e querer ser companheira
Ser gente
Decente
Verdadeira.

Há um desânimo tão grande no Ser
De sentir
De viver
De se dar
De se amar.
Ser amiga e confidente
Ser preenchida e não carente.

Há um desânimo tão grande no Ser
De mim
De nós
De você
De estar viva e em tudo poder crer
Sem ter que deixar de ser...

(Autora: Nádya Haua)

Nenhum comentário: