UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Amor Bandido

 De onde vem tanta tensão,
Ciúme, mágoa e rancor,
misturados à paixão
De um adorável sabor?

Emoções contraditórias,
Por que seguimos brigando
Por razões tão irrisórias?

Se me queres, eu te quero,
Vivo pra te adorar,
Mas às vezes eu nem sei
Se devo rir ou chorar...

Curtimos um sentimento
Raro, intenso, palpitante.
Na taça das ilusões,
Nosso amor é transbordante.

Transborda em carícias mil,
Descamba em acções banais,
Explode em prazer subtil,
Gemidos, gritos fatais.

É tão forte essa paixão
Que absorve nossa mente,
Embota a compreensão,
Arregata e fere a gente.

Nosso destino é seguir
Na trilha da sedução,
Entre prazeres e prantos,
Entre razão e emoção.

Vivemos um amor total,
Bandido, leal, vilão,
Mistura de bem e mal,
Nas tramas do coração.

(Autora: Oriza Martins)

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