UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

sábado, 22 de janeiro de 2011

Cântico de Esperança


Não peça eu nunca
para me ver livre de perigos,
mas coragem para afrontá-los. 

Não queira eu
que se apaguem as minhas dores,
mas que saiba dominá-las
no meu coração. 

Não procure eu amigos
no campo da batalha da vida,
mas ter forças dentro de mim.


Não deseje eu ansiosamente
ser salvo,
mas ter esperança
para conquistar pacientemente
a minha liberdade. 

Não seja eu tão cobarde, Senhor,
que deseje a tua misericórdia
no meu triunfo,
mas apertar a tua mão
no meu fracasso! 
(Autor: Rabindranath Tagore - Tradução de Manuel Simões)

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