UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

terça-feira, 19 de maio de 2009


Esqueci o calor a dois
o sabor de um beijo
a cumplicidade do abraço...
Esqueci de ter... de ser... de sentir...
Esqueci!

Esqueci de estar acompanhada!

Esqueci a emoção de olhar o nada
e enxergar o mundo...
Planos, fantasias e sonhos conjugados a dois.

Esqueci o bendito arder da paixão.
Só me resta o doído calafrio
...da fria solidão.

Esqueci a sensação de se chegar ao céu.
Ser caça...ou caçador!
O tatear em meio aos lençóis...
Calor despertando entre os dedos.

Acostumei a me abraçar só.
A me bastar...
A mergulhar no fundo de mim mesma.

Triste sina essa de brincar de amor sozinha !

(Autora: Rosy Moreira)

Nenhum comentário: