UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

sábado, 23 de maio de 2009

A Guerra de Tróia aconteceu realmente?


Tróia (em grego antigo Τροία, transl. Troia, ou Ίλιον, transl. Ílion; em latim Troia ou Ilium; em hitita Wilusa ou Truwisa; em turco Truva) é uma cidade lendária, onde ocorreu a célebre Guerra de Tróia, descrita na Ilíada, um dos poemas atribuídos a Homero. O poema épico de Homero que versa sobre a Guerra de Tróia, a Ilíada, é uma das grandes obras da literatura ocidental. O enredo da terrível guerra entre gregos e troianos é repleto de personagens e episódios inesquecíveis: a bela Rainha Helena, cujo romance com o príncipe troiano Páris Alexandre foi o estopim dos dez anos de árduos combates; os reis gregos Agamenon e Menelau, irmãos que reúnem um grande exército para buscar Helena, esposa de Menelau; Aquiles, o bravo guerreiro, e seu rival troiano, Heitor; Príamo, o rei de Tróia, e sua filha Cassandra, que profetiza a grande catástrofe a se abater sobre sua cidade, sem que ninguém acredite em suas palavras; e, é claro, o sábio Ulisses, cuja astúcia e habilidade acabam por trazer a vitória aos gregos.
Para os homens da Antigüidade Clássica, a historicidade desses personagens, assim como da Guerra de Tróia, era inquestionável. Até os romanos julgavam-se descendentes do guerreiro troiano Enéias, que se fixou na Itália após ter fugido de Tróia, que fora tomada pelas chamas. Eles reverenciavam o descendente de Enéias, Rômulo, fundador da cidade de Roma. Ao longo dos séculos, contudo, a imagem de Tróia foi se desvanecendo. Tudo que restou foi a lembrança de um lugar mítico, não muito distante do país das fadas.
Um arqueólogo obstinado
No século XIX, contudo, um homem estava convencido de que o poema homérico não era apenas simples ficção, mas descreveria acontecimentos reais, ainda que circundados por episódios fabulosos, datados de 1250-1230 a.C. Heinrich Schliemann (1822-1890) era um homem de negócios do estado alemão de Macklenburg. Já tinha acumulado fortuna e viajado ao redor do mundo, quando, aos 44 anos, passou a dedicar-se a um sonho de infância: estudar a Antigüidade Clássica e encontrar o local onde ocorrera a Guerra de Tróia.
Ao contrário de muitos arqueólogos do século XIX, Schliemann acreditava que a Tróia de Homero estivera situada em uma colina chamada Hisarlik, próxima à costa do Mar Egeu na Ásia Menor (atual Turquia). Ele iniciou suas escavações em 1871, e logo seus esforços foram coroados de sucesso. Sua descoberta mais sensacional foi por ele denominada Tesouro de Príamo, uma coleção de peças de ouro que data de cerca de 2400 a.C., mas que Schliemann erradamente atribuiu à época da Guerra de Tróia.
As últimas descobertas
Hoje, itens mais prosaicos, como instrumentos de metal, sementes de plantas ou cacos de cerâmica, são o verdadeiro tesouro dos arqueólogos. A partir desses humildes objetos, é possível extrair as conclusões mais espantosas, que constroem uma imagem nova e totalmente diferente do que teria sido Tróia. Um total de dez cidades sobrepostas já foi identificado pelos arqueólogos no sítio de Hisarlik. O nível mais antigo, um vilarejo cercado de muros chamado Tróia I, data de 2900-2600 a.C. A Tróia de Homero estava sepultada no nível VI (1700-1250 a.C.), e era dez vezes maior do que inicialmente se supunha: além da cidadela com os palácios, cuja existência já se esperava, existia uma periferia de tamanho razoável, onde moravam as pessoas comuns.
Muito antes da guerra, Tróia já era uma cidade rica e poderosa, e provavelmente um alvo preferencial de saqueadores. O chefe da equipe de escavações em Tróia, Manfred Korfmann, da Universidade de Tübingen (Alemanha), acredita que, em vez de uma grande Guerra de Tróia, muitas batalhas menores, embora não menos violentas, tenham ocorrido a partir da Idade do Bronze, uma vez que o controle daquele importante centro de comércio deve ter sido cobiçado por diversos povos. A razão para a queda final da poderosa cidade, por volta de 1250 a.C., pode ter sido até mesmo um terremoto.
Uma recente e sensacional descoberta pode vir a lançar uma nova luz sobre essa questão: um selo da Idade do Bronze com inscrições em hieróglifos hititas – e não letras gregas – sugere que Tróia pode ter sido uma cidade não-grega, fazendo parte da cultura hitita na região da Anatólia central. Conseqüentemente, dentre os numerosos documentos hititas encontrados na Anatólia, podem emergir novas pistas sobre a ruína de Tróia e, talvez, provas da guerra narrada por Homero.

Extraído do livro Os Últimos Mistérios do Mundo.

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