UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA
Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.
Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.
Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]
(Autor: Fernando Pessoa)
Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.
Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.
Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]
(Autor: Fernando Pessoa)
domingo, 24 de maio de 2009
Desconfiança
O velho acordou e reparou que seu machado não estava no lugar onde havia colocado. Foi até a janela, e viu o vizinho sentado em sua varanda.
“Ele deve ter roubado minha ferramenta”, pensou o velho. “Veja como tem cara de ladrão, jeito de ladrão, olhar de ladrão”.
Ao meio-dia, enquanto arrumava algumas coisas, o velho reparou que o machado estava atrás de um móvel.
Naquela tarde, ao sair de casa para dar um passeio, cumprimentou o vizinho e seguiu adiante, pensando: “Como é bom morar junto de alguém que tem cara honesta, jeito honesto, e olhar honesto”.
(Temos certeza de que todos nós, em algum momento de nossas vidas, já nos comportamos como este velho).
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