UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

domingo, 24 de maio de 2009

Meu Segredo

Quando o vejo, o dia fica azul
Faço-me bonita e pinto a boca
Me perfumo inteira
E saio com laços de fita amarela
Pensando...
Ah! Um dia serei dele, um dia serei dele...
E pouco importa minha anemia.
Pois meu sangue, matéria-prima para os seus versos,
feliz, faz tempo doei!
Nossa poesia é feita de amor e de dor
do seu, do meu, do nosso sangue
que jorra em versos de veias profundas
Quando o vejo me sinto viva,
pulsando, sangrando...
Nessa taça que guarda o meu desejo,
que é o meu segredo, fruto do que sinto quando o vejo...

(Autor Desconhecido)

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