UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

terça-feira, 30 de abril de 2013

Soneto



Só o coração é alto e doce,
Por entre tantas amarguras,
Por entre ásperas baixezas,
Por entre tantos desprimores.

Só o coração é como um sino,
em velha torre enegrcida,
Úmida,feia,apodrecendo
Prestes a ruir e se perder.

Só o coração canta celebra
Piedade e amor, glória e beleza
Nos ares, lúcidos e frios.

Só o coração procura a vida,
E como um sino plange e canta,
Pelos que vêm pelos que vão!

(Autor: Augusto Frederico Schmidt)

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