UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Caiapós




Esta poesia foi feita da floresta
Admirada por estrelas e pelo luar
Escrita em língua de origem Caiapó
É um idioma que é nosso
É a fala primitiva do Brasil
Canto do povo chamado Caiapó
Canto que se apagou com o canto europeu
A floresta então se escureceu
A poesia tornou-se lágrimas
Lágrimas que inundaram rios
Sonhos que se tornaram choro
Tabas, ocas e índios morreram
Não a carne, e sim por dentro,
Escravizados se tornaram
Estranhos da própria terra
Desconhecidos de si mesmos
Acreditavam na terra que é deles
Ainda são filhos da floresta
Ainda vivem da poesia do mato
Poemas que nascem dos rios
De um povo que brotou das folhas
Que dançam aos deuses em oração
Tentando fugir de todo o vazio
Que derrama sangue todo o dia
Sangue da canção e da poesia
Poesia na língua dos Caiapós
Palavras vindas da alma Tapajós
Estrofes com sabor de guaraná
Esse poema que eu escrevo
São palavras de vida e morte
Quero usar este pleonasmo
“Escrito com minhas próprias mãos”
Pleonasmo que chama a atenção
Atenção para essas mãos
Mãos que nasceram no Brasil
Filhas da mesma terra
Espero que essa poesia não se evapore
Que essas palavras permaneçam aqui
Que essas palavras mantenham vivas
O canto dos povos dos Amazonas
Que nasceram das tabas, ocas e rios
São conhecidos como índios
Filhos legítimos de Guaraci
Também legítimos filhos de Jaci
É povo Tupi-Guarani
Povo que surgiu da floresta
Gente do Amazonas
Povo do Rio Tapajós
Gente da tribo Caiapó.

(Autor: Edmar Bernardes da Silva)

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