UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Onde os Índios estão?



Índio cadê teu apito
Cadê tua terra
Tua cultura e luz?
Onde está tua mata
Tua caça
Tua pesca
Teus costumes enfim?
O que de bonito trazias em si?
Onde está tua língua
Tua dança
Tua música
O poder de curar?
As receitas silvestres
As armas e festas
Que tu vieste brindar?
Onde está tua vida
Tua inocência e graça
A tinta na cara
A maneira de amar
Bichos, plantas natureza,
Sem deles zombar?
Sem os destruir.
Volte à fogueira
O ritual curandeiro
As ofertas aos Deuses
Pra que a chuva viesse abençoar
E em paz deitavas na rede
Comendo teu peixe sem se preocupar.
Choras agora a destruição...
Do teu viver
A natureza
Que arrancam com as mãos
Índio onde está a tua força?
A tua cor e o teu mistério?
Pajé escondido em próprios artelhos
Infâmia amordaça sua fé
E dizem ainda: somos Brasileiros!
Pena que índio, não saberão como é ser!

(Autora: Paula Belmino)

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