UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

domingo, 4 de novembro de 2012

Viagem


Olhar perdido pelo jardim.

Divagações

Nascente dos pensamentos
me conduzem além de outros portais.

Nas margens, acenos breves
sinalizando minha presença.
Nada digo,
inexorável trajeto
das leves emoções.

O epílogo me atrai
para meu coração,
marcado pelo intenso
sentido vital do passeio.

Volto então com meu olhar
do qual quase fugi de mim
sem nexo.

Quem vai entender um vôo livre?
Ou um amor intenso não vivido?

(Autor: Nelson Aharon)

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