UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Labirinto



...nesse emaranhado de asas partidas
sente-se a dor dos afogados
um quebrar-se de ossos frágeis
e um estalido de cristal partido.
 
...entre névoas de solidões
pressente-se o beijo das coisas mortas

o nunca regresso de um anjo que se exilou
quando a hora gemia em dores
no seu crepúsculo cismarento.
 
...as cores se confundem como confetes
de um carnaval sem música
os adeuses perdem sua expressão
os loucos adquirem sensatez
(a sensatez das coisas banais).

No labirinto da vida
encontro o carrossel de todas as vidas.

(Autora: Alvina Nunes Tzovenos)

Nenhum comentário: