Esta muda tristeza indefinida
Que prematuramente me envelhece,
Dando-me ao ser a contrição da prece,
Dando-me à vida a sombra da outra vida;
Este surdo pesar que me intimida
E o ânimo quente aos poucos me arrefece,
Colhendo lágrimas em larga messe
Sempre à mesma recôndita ferida
É a condição da minha essência humana
E sente-a, apenas, quem, no curso incerto
Da existência falaz, nunca se engana;
Quem não vibra à ventura que tem perto,
Quem no seio de alegre caravana
Compreende a sós a mágoa do deserto.
(Autor: Luis Carlos da Fonseca Monteiro de Barros)
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